É difícil falar de ti sem parecer piegas. Mas como disse uma das vozes de Pessoa, "todas as cartas de amor são ridículas e não seriam cartas de amor se não fossem ridículas.".
Fui buscar a Catarina a pouco a estação de comboios, mais uma vez mal disposta, sim sim faltava-te um cigarro, minha feia, meu amor. Depois de uma semana do mais cansativo que há, repleta de emoções muito fortes, vou recolher-me ao abrigo dos meus pensamentos. Sentimentos sem porquês, lindos, partilhados em nós e por nós numa euforia calma, num não fugaz momento. Fazer de tudo para demorar, demora-mos para podermos habitar quase que eternamente naquele espaço nosso e só nosso, antes, depois e para sempre. Pensei que ia ficar triste uma vida inteira e tu disseste-me sorrateiramente que não! Roubaste-me dois beijos e perguntaste-me pelos outros, fizeste-me sorrir!
Chamo-te de feia, e quando não o digo, a expressão facial fá-lo por mim, aqueces o meu coração, com esse teu sorriso.
Esvazias a minha cabeça de pensamentos maus com um sorriso e um acender de cigarro matreiro. Sem dizer nada, dizendo tudo, escrevendo tudo até ao mais ínfimo pormenor, porque é neles que está a tua magia, o teu encanto, o nosso mundo, tão pequeno e tão grande, tão longe e tão perto, afinal sempre esteve ali, afinal sempre esteve assim. Rimos nos mesmos momentos, angustiámos ao mesmo tempo, lutámos sempre que o tivemos de fazer, culpámo-nos e chorámos no nosso canto, um canto pequeno no qual não parecia caber mais ninguém, um canto que depressa se iria expandir de tanto lá vivermos.
O telefone toca, corro para falar contigo pois hoje ainda não tinhamos falado. E tu pedes-me para me afastar de ti me dizendo apenas que, apenas teve de ser, apenas, custa, doi, magoa partir saber que nos amamos tanto, apenas preciso de um tempo para pensar, apenas preciso de ter certezas e se um dia eu tiver de pedir perdao eu peço com o maior orgulho ja cometi diversas loucuras, loucuras boas, loucuras más, posso tar a cometer uma loucura em partir mas tu conheces me, sou Louca sou a menina que tu tanto Amas, desculpa se te tou a magoar por nao te dar um motivo, mas um dia PROMETO TE que iras entender, nao quero que penses que nao tens significado para mim, porque tens e muito, apenas. Apenas teve de ser!
Tenho tentado aparentar que estou bem, mas não estou. Dizem que tenho o coração partido é isso que lhe chamam, sabias? Mas, se assim é, porque é que me dói o corpo todo? Cada músculo, cada centímetro de pele? Até os pensamentos magoam tal como as memórias que parecem afiadas espadas a perfurarem cada milímetro de mim mesmo de cada vez que me assolam a mente. E dói tanto, dói tudo. Cada lágrima indesejada, cada palavra vazia.
Até respirar, inalar o ar que se assemelha a fogo gélido que destrói a vida do meu corpo demoradamente e corrói a felicidade que um dia houve em mim. E se não existir maneira de ultrapassar a sombria ideia de um futuro sem ti? E se eu ficar assim para sempre? Daquele instante até hoje, tudo o que aconteceu é um nada. É o vazio do lugar que até ontem preencheste. Já deixas saudades, e encarar a tua ausência é como deixar de escutar o bater do meu coração para ouvir somente o silêncio que se tornou ensurdecedor.
Apenas quero dizer uma vez mais, passaram 2 anos da tua partida do teu desaparecimento, isto se ainda lês o que para ti vou escrevendo, será esta a última carta que te vou escrever, torna-se necessário que o faça para ficares a saber o que tenho de novo para te dizer.
Não te quero confortável pois, quero beber tua agonia, tua dor, tua poesia, quero teu suor, tua espera e teu sangue, para meu buraco negro, sugar e devolver em poesia! Hoje que estou poeta em pele de cordeiro, te mato e te faço o parto em cada verso, dou-te vida e agonia mas, minhas as palavras ainda me assustam como um corpo que acaricio e arranho, te ensino o caminho da paciência e da tortura, com uma faca que tatua minha loucura no peito que esfolo
ao escrever versos de distância e de insolência num silêncio cruel, hoje não tenho referência dimensional, tenho versos, reversos, inversos, anversos, tenho esses amontoados de palavras, onde sou mais eu que eu mesmo nesta verdade senil.
Eu odeio-te. Odiei ontem, odeio hoje e vou te odiar amanhã, talvez passe o resto da minha vida te odiando. Provavelmente já não te recordaras mais da minha existência, mesmo assim eu não te esqueço e é por isso que te odeio tanto! Feridas estas marcadas como espadas a cortar carne assim, ficou meu corpo a tais tentativas bárbaras feitas por ti não, és digna de estar neste meu mundo. Este ódio faz de ti a lua que desejo matar, mas matar lentamente, fazer-te sofrer de forma calma e pacífica, teu fantasma perdura em meu coração, é tudo o que tenho e, quero dizer hoje e agora!
Morre , morre em mim! Odeio admitir que me esqueces-te, odeio-me por sorrir quando quero chorar, odeio-me quando respondo que não é nada mas no fundo quero um ombro amigo para dizer tudo o que vai cá dentro, odeio-me por chorar em silêncio, odeio-me por não mostrar o quanto sofro, odeio-me por adormecer a chorar. Odeio-me por continuar a viver assim em dor. Prendes-me com correntes de aço que gritam o teu nome hoje, precio dessa coisa de entranhas, sangue, nervos, carne, tenho caninos nos versos e na mente pressinto escuridão. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação.
Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso,numa solidão que atravessa-me a alma, e tal como gesso que solidifica dentro de mim. Apenas posso contar com ela, apenas consigo sentir que é a única verdade que existe e a única que consegue ser verdadeiramente honesta comigo! Será que amanha ainda existe? Será que existe alguém a sentir o mesmo? Neste momento não existe espaço para o sonho, numa perda em movimento que vai doendo, moendo na forma verbal mais melancólica de todo o gerúndio. Mas hoje descobri que é no conflito que a vida faz crescer, e o ódio uma forma tão estranha de amar!
Agora fico, fico a ver o poeta chorar, morrendo no papel a desabafar. Odeio-te pela facilidade que me conseguiste esquecer, odeio-me por seres ainda o meu primeiro e último pensamento do dia, por ainda suspirar quando escuto a tua voz, te desejar com a mesma intensidade, ansiar com todas as minhas forças pelo teu regresso, sei que nada mudou para ti, pois tu não voltas-te atrás na tua decisão, não te arrependes-te, acho que nunca voltara atrás, penso que mesmo que te arrependas, teu orgulho não deixara.
Odeio-te por causa desse teu sorriso, odeio-te por saberes que eu penso em ti,
odeio-te por acreditar nas tuas palavras.
Sim odeio-te! Odeio cada gesto, cada palavra e cada expressão,odeio a tua respiração por entre a memória fresca e as lágrimas secas. Odeio-te porque eras a minha mulher misteriosa, minha doce menina. Odeio-te porque és linda. Odeio-te porque vejo o amor que tens pela vida e não acreditas que podes ser feliz. Odeio-te porque não consigo arranjar mais pontos para te odiar, odeio-te porque me fazes transportar para o papel tudo o que me vai na alma. Odeio-te por aquilo que és e por aquilo que sempre foste, o meu maior amor!
Toco os lábios doces da sedução e, me entrego a esta verdade num silêncio de um sepulcro, onde apenas existe uma nota e um tom: solidão. Quero a fé em gotas concentradas de confiança para tomar com o copo de lágrimas, preciso trocar de pele, de cabelo, arrancar minha roupa e me reencontrar na imagem do espelho, quero a morte deste que sou, lanço contra a parede querendo quebrar o muro que ergui entre mim e a vida mas, a segurança me limita, a rotina tortura, preso em mim mesmo, quero o arrebatamento para o infinito.
Morre, morre em mim.
Mesmo ausente sinto, tua presença, escuto tua voz, cada vez mais perto mais nitido. És tudo e nada, és a alma danada largada ao vento, que por mais que se ausente terei sempre presente. Consegues sentir o que escrevo? Odeio-te por carregar em minha alma ainda largos sorrisos, lágrimas partilhadas, lágrimas divididas, momentos de uma força
única, apenas momentos que agora de uma forma lúdicas te apressas apagar, será que foram meramente ilusões, criação da minha mente? As coisas voam com o vento, tanto as temos na palma da mão como de um momento para o outro já não resta nada.
Odeio-te porque te amei mais do que a minha própria vida, não aceitaste minhas súplicas, minhas ânsias, minhas lágrimas, fechaste os olhos do teu coração e partiste sem pensar duas vezes, deixando apenas as saudades de um ser que amei de corpo e alma. Hoje peço-te que aceites o que te digo e que acredites nas minhas palavras jogadas nesta página escura, escritas com tinta de ódio, carregadas de ansiedades. Confesso, odeio-te! Odeio-te porque me fazes chorar de saudades desse olhar que penetrava minha alma, odeio-te porque ainda hoje me fazes amar-te e não te consigo alcançar. Odeio-te porque me iluminas-te, porque acendeste em mim os sentimentos mais fortes que existem, porque um dia viveste em mim e logo partiste! Odeio-te por me teres batido a porta do teu coração na cara, odeio-te por não teres falado comigo, odeio-te por me teres deixado a olhar pela janela em busca de ti, odeio-te por me teres feito esperar que voltasses.
Nos extremos dos meus dedos morres-me todos os dias e é este ódio que me faz dizer todas estas mentiras sobre ti, e sobre o que por ti sinto, conformidade, no acto de dizer, que te amo de verdade, eu e tu, princesa e príncipe, sem castelo encantado, mas juntos num sonho, a manter na realidade.
Mas sim! Odeio-te porque aprndi a conhecer-te, assim como os pássaros conhecem seus caminhos num vôo livre que se abre ao infinito, a caminhar contigo, assim como os rios caminham em uma só direção. A respeitar-te, assim como as estrelas respeitam o brilho da lua, que sabem que, como aquela só existe uma única no mundo. A discutir contigo, assim como as ondas do mar brigam e se debatem inutilmente, para depois se transformarem em suaves espumas na areia.
Aprendi à amar-te como os pássaros amam a sua liberdade, os rios amam as suas aguás, as estrelas amam o céu, as ondas amam o mar e as montanhas amam seus campos.
Mas sim! Odeio-te porque, sinto um apelo interior para que grite bem alto, o mais alto que a minha capacidade vocal permita. Gritar, apenas para gritar a tua ausência. Apenas grito mais alto do que a voz do meu coração e acima das palavras da minha razão.
Grito. Depois choro procurando passar para o papel, meu confidente, escrevendo, riscando. O papel não critica ou julga aquilo que pensamos, apenas permanece imóvel à medida que se vai sentindo preenchido, não me sinto sozinho quando escrevo sobre ti, sinto uma energia que não se explica mas que sei que está presente.
Se chegaste até aqui diz que me adoras, em qualquer lado que saibas que posso ler. Se aqui chegaste, obrigado. Tinha palavras para toda a noite e dia mas é melhor ficar por aqui. O lápis falhou, a folha chorou, muita coisa partiu, mas o pensamento ficou.
Com tudo o que respiro, transpiro e sinto, alegria de saber que existes faz-me forte para suportar a tristeza da tua ausência.
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