Nem sempre domina esta fantasia,,
que em imaginação assim instável
não repousa um instante o pensamento:
vem com um rigor tão insuportável
a dor, algumas vezes, que eu diria:
minha alma a desampara o sofrimento.
Enquanto dura a fúria do tormento
não há parte que em mim não se transtorne
e não esteja em meu redor chorando, de novo protestando
p'ra que da via horrenda atrás eu torne.
Ista já p'la razão não vai fundado,
ninguém dá parte disto ao meu juízo,
que este discurso todo é já perdido,
mas é em tanto dano do sentido
este sofrer e em tanto projuízo,
em tudo o que sente é atormentado
(do bom, se teve algum, já olvidado
completamente está), e apenas sente
a fúria, o rigor do mal presente.





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