É difícil falar de ti sem parecer piegas. Mas como disse uma das vozes de Pessoa, "todas as cartas de amor são ridículas e não seriam cartas de amor se não fossem ridículas.".
Nos últimos tempos as palavras parecem-me escassas para a minha vida, para colocar entre linhas o tanto que percorre a minha mente, gostava de poder simplesmente mandar imprimir, confesso que não apenas escassas, mas também secretas, há tanta coisa que me parece não poder ser dito a não ser a ti, tanta coisa que parece ter de ficar entre nós, a maturidade de poder falar sem me abalar, abalando meio mundo. Há sempre tanta coisa que fica por dizer naquele momento. Mas para mim é preciso apenas outro momento, foi assim, e é sempre assim, tu ali ao lado, sorrisos cúmplices de uma simplicidade que rasga a inocência de sentimentos. Sentimentos sem porquês, lindos, partilhados em nós e por nós numa euforia calma, num não fugaz momento. Fazer de tudo para demorar, demora-mos para podermos morar quase que eternamente naquele espaço nosso e só nosso, antes, depois e para sempre. Pensei que ia ficar triste uma vida inteira e tu disseste-me sorrateiramente que não! Roubaste-me dois beijos e perguntaste-me pelos outros, fizeste-me sorrir!
Chamo-te de feia, e quando não o digo, a expressão facial fá-lo por mim, aqueces o meu coração, com esse teu sorriso.
Esvazias a minha cabeça de pensamentos maus com um sorriso e um acender de cigarro matreiro. Sem dizer nada, dizendo tudo, escrevendo tudo até ao mais ínfimo pormenor, porque é neles que está a tua magia, o teu encanto, o nosso mundo, tão pequeno e tão grande, tão longe e tão perto, afinal sempre esteve ali, afinal sempre esteve assim. Rimos nos mesmos momentos, angustiámos ao mesmo tempo, lutámos sempre que o tivemos de fazer, culpámo-nos e chorámos no nosso canto, um canto pequeno no qual não parecia caber mais ninguém, um canto que depressa se iria expandir de tanto lá vivermos, um canto que já era o teu, que já era o meu e solitariamente fazíamos par a par e passo a passo as mesmas rotinas.
No desalento e na fraca esperança que temos em nós mesmos, nos juntámos. Coincidência?"Acaso"? Destino? O mundo a querer mostrar alguma coisa, a querer-nos acordar da dormência em que paralisámos já faz tempo, a querer-nos fazer ouvir na surdez desesperante as mesmas palavras sempre e todos os dias. Em cada tristeza, em cada lágrima está o teu sorriso, mais forte que qualquer dor. Apenas temos que aprender a soltá-lo e a deixá-lo fluir na inevitabilidade de querermos estar.
Uma brisa solta, sopra no meu pescoço e eu reconheço a sua intensidade, a sua fragrância, sorrio baixinho para ninguém ver, ninguém ouvir. Sorrio enquanto choro, compulsivamente. Felizmente esse choro não é de tristeza, nem de mágoa, muito menos de ódio, é este amor que sinto por ti. Queria me responder a questão da onde vem meu sorriso, encontrei a resposta no meio dessas lágrimas. Meu sorriso vem de dentro de mim, mas não vem sozinho. Porque, só, não chegaria onde estou. Porque é, exactamente, o jeito que reajo àquilo que é externo a mim que me fez sorrir dessa maneira. E outra coisa vem junto desse sorriso, o entendimento de que a ajuda dos outros não minimiza a minha própria força.
Palavra, feia, a palavra é chata, tornou-se convencional, igual a tantas outras que repetimos por dia e tão desnecessária, mas apetece-me segredar-ta ainda assim, porque a segredo sozinha, e acho que tu a ouves mesmo a quilómetros de distância,
Trocámos palavras escritas de uma densidade que vai para além do profundo, uma densidade cheia de dor e um anseio absolutamente gigante de sobreviver à tempestade que tinha passado nas nossas vidas. Veio um abraço a meu pedido, promessa nossa. Senti a tua fragilidade, a tua delicadeza, tudo o que já tinha sentido antes com o olhar, mas agora de uma forma mais palpável, ouvi o teu coração, ouvia o meu também. Catarina, o meu anjo!
Amo te muito meu mundinho <3
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